Monday, August 06, 2007

Relatos

Tenho uma frustração na vida. Gostaria de ter sido escritora. De passar a vida contando meus despautérios, minhas desilusões, ilusões, paixões, amores, saudade, meus sorrisos, enfim, descrevendo, inventando estórias, colocando finais tristes (não gosto de final feliz...é muito irreal). Me apaixono por estórias dramáticas, por amores impossíveis. Já causei muitas paixões. Mas amor, amor verdadeiro, já tive?? O amor não se perde com o tempo, é eterno, mas é cotidiano, precisa ser alimentado a cada dia.
Por um lado, alegra-me minha vida solitária. Fazer o que quero, quando e como quero. Gosto de ser a mariposa que aqui é mulher forte, dona de si, dominadora. Mas faz falta ser a menina protegida, frágil, esperando um carinho.
Talvez faça parte de mim a solidão e a ela tenho me acostumado e até gostado. É interessante ver a vida do lado expetadora. Observar os outros, perceber suas fraquezas e constatar que não são maiores ou menores que as minhas, apenas diferentes. Ou talvez seja diferente o modo de ver a vida.
E olha que sempre pensei que somente seria feliz ao lado de alguém. Ainda persigo isso. Mas se não acontecer..não será o fim do mundo. Será?
Penso que a vida foi feita à família. Não há muito sentido ser diferente. A vida toda está pautada nisso. Em achar seu par ideal ou o que mais se aproxime disso. Ter lindos bebês para herdar seus melhores defeitos e ir morrendo dia a dia. Talvez não seja tão rápido assim. Ou talvez seja.

1 comment:

Anonymous said...

Caríssima,
O fato de não ter sido escritora não impede os relatos ou divagações que estamos acostumados a presenciar neste pequeno espaço cibernético. Aliás, ocorre exatamente o contrário.
Como é bom e importante para alma podermos dissecar tantos momentos vividos, tantas ilusões, paixões, despautérios e todos estes outros ponteiros carregados no sentimentalismo a que vc se referiu. Também, quanto ao finais felizes, lembro de ter ouvido em algum filme idiota, mas que faz todo sentido, que finais felizes não existem, pois finais felizes são histórias que ainda não acabaram. E é fato. A felicidade nos é dada para o momento, impossível que ela se estenda por tanto tempo, e, se acaba, é porque já não representa mais a felicidade. Tudo acaba, e aí vem a parte triste. Mas o que realmente vai importar aí é se esta tristeza é bonita ou trágica. Ela vai ser trágica quando carregar situações tão desagradáveis que gostaríamos de não ter nascido para presenciá-las, ou, ela vai ser bonita, aliás, minhas favoritas, porque normalmente o que é triste, tem toda sua beleza. Aquela tristeza da lembrança do olhar que não vai mais te deixar sem ação na frente dos outros, a tristeza de lembrar cada momento doce vivido em uma situação que faríamos tudo para viver de novo, mas que sabemos que já não é mais possível, a tristeza de não ter mais a ansiedade de esperas, de se surpreender, olha só, de vc mesma se surpreender com um nó na garganta e sentir uma umidade nos olhos às quais damos o nome de choro (que surpresa!) Algumas lágrimas que representam algo que não é mais possível, mas que estão todas carregadas com aquela imagem que antes tanto te faziam bem ... tanto te animavam ... tanto de deixavam feliz. Impossível não ver beleza alí ... triste, porém belo. A tristeza de vivenciar uma situação, com a qual certas pessoas sempre se recusam a dizer as palavras certas... céus.. paixões ... Por quê minha boca trava quando tento pronunciar esta palavra, por quê me é tão difícil? Enfim ... Mais uma vez ... as palavras começam a ficar jogadas, o sentido começa a se perder, mas, de qualquer forma, o que importa, nisto tudo, é aquilo que insisto incessantemente... o que importa, é poder não se arrepender do momento vivido, ter a tristeza da lembrança mas a alegria de ter vivido, e com muita sorte, ainda ter algum contato com este objeto, sob qualquer forma, e começar a ver o que mais pode estar a nossa volta ... pois o ciclo dos momentos felizes não param, apenas recomeçam de outra forma, sob outro aspecto, sob novos olhares ...
E, como diria nossa estupenda Scarlett O' Hara, amanhã será um novo dia ... e sempre é!
E para aproveitar, descansa em paz minha antiga identidade que me fez tão feliz, carregada de doces feitiçarias, para agora encarar, sem receios, a palavra que me faz queimar a língua até então e o que realmente sou, uma mulher apaixonada pelos momentos, e que consegue ser feliz com eles, e com a lembrança deles.