Ofuscada

Por tantos anos tivemos um fusca, pois é, já escrevi aqui que todo mundo já teve um chifre e um fusca. Eu tive a sorte de ter os dois ao mesmo tempo. Hehe.!! Isso é estória passada.

Enfim, minhas aventuras no Herby acabaram mesmo. Hoje fui tentar dirigir um. Que fiasco!!! Não achei a primeira, não achei o ponto morto, não consegui ajustar o banco, não enxergava no retrovisor. Que retrovisor? O banco saiu! Ai, meu Deus!!!

Enfim, fui buscar o carro do meu tio que foi internado às pressas no hospital local e acabei tendo que chamar meu pai para me salvar. Afff...

Não que eu seja machista, nem nada. Mas isso era algo para já se ter chamado um homem de cara, não uma mulher grávida que já vive o tempo da direção hidráulica, vidro e trava elétricos. Que assim sejam todos os meus carros! Amém.

A casa caiu

Literalmente, a casa da minha avó ruiu ao chão. Triste. Tantos anos brinquei ali, cresci. Era o ponto de referência da família. Perto da rodoviária, passávamos lá para tomar um café, comer um pedaço de pão de casa nos idos tempos que minha avó ainda cozinhava e como cozinhava a véia. Eita.

Agora sua casa vai ceder espaço a uma luxuosa academia de exercícios.

Quando vi a casa quase que totalmente destruída, senti um frio no coração. Imagino quando minha avó ver a cena, ela que passou 56 anos de sua vida ali, e agora está a se acostumar na casa nova, num lugar mais longe, sem passagens, sem café e sem pão de casa.

Não pensei que veria essa cena um dia. Para mim, a casa vai estar sempre lá.

Espírito de luz

Depois de várias noites sem dormir, dor de estômago, ansiedade, preocupação, enfim, os resultados dos exames não se confirmaram. Me perdoe, Meu Deus, mas ainda é cedo para ter uma advogada aí no céu. A godinha, lá..lá..lá, ainda ficará uns bons anos aqui na Terra.

E melhor, o bebezinho está muito bem. Forte, bonito, gordo, saudável. Pesa 240 gramas em 17 semanas e 06 dias de vida dentro de mamãe.

E hoje vimos seu 'pintinho'. Pois é. É um menininho. Antony!!!

Vai ser um menino muito forte, reto, honesto. Meu espírito de luz e do papai que está, como direi, sorrindo à toa. Cantando e entoando suas danças malucas pela sala, dizendo que o menino vai ser lutador de MMA, torcer pelo Santos, um comedor de meninas (ah ta!!!).

Bebê, não ouça seu pai, ele nunca, nunca mesmo, sabe o que diz.

Nós apenas esperamos de você que seja muito feliz.

Amamos você, meu pequeno gordinho.

Boom!!!

A impressão que tenho é que estou sentada em cima de uma bomba-relógio que irá explodir a qualquer momento. Casa para montar, a prestação do carro que comprei antes de saber da gravidez, o bebê a caminho, exames médicos caros, roupas que não entro, roupas que o bebê vai usar, o resultado do exame de biópsia, o trabalho que não pára e o cansaço exagerado que venho sentindo, as pressões dos clientes, e o pior de tudo : as contas a pagar. E minha mãe preocupada em como estacionar o carro em frente à casa de minha avó. Oh céus!!!

Faria tudo novamente? Sinceramente não sei.

Gostaria de um pouco de calma. Menos falação. Menos intromissões. Mais opções. E mais dinheiro, muito mais dinheiro.

Se pelo menos tudo explodisse logo, seria melhor que essa tensão da espera.

Na garganta ainda

No dia da eliminação do Brasil na Copa, estava eu lá, cheirando a calabresa defumada, já que tinha passado o dia no churrascão da derrota, fazendo uma biopsia do colo do útero. Uma sensação muito esquisita. Eu estava assustada para ajudar. Sentia muito frio e parecia que estavam me arrancando o bebê.

Não sei ainda se vou conhecer meu bebê. Pois vamos ter de esperar até o dia 16 para ver o resultado dos exames.

Não sei de onde estou tirando força, mas vou seguindo. Quando alguém me parabeniza pela gravidez, não sei se sorrio ou se choro.

Vejo tudo que já compramos e fico imaginando se não foi tudo um grande desperdício. A cada presente, sinto um gelo no coração.

E só posso esperar.