Tantos anos criticando meu pai por suas atitudes, ranhetices, perfeccionismos, manias e outros tantos defeitos que ao ver as cenas que vi esses dias me fez sentir saudade de cada uma de suas manias.
Quase não suportei verem cortar e raspar seus cabelos e senti vontade de desabar naquele mesmo instante. Mas aguentei um pouco mais. Mas quando o levaram para o centro cirúrgico tão pequeno, tão frágil, tão velho, tão diminuído de seu ser, não contive mais minhas lágrimas e cai ali mesmo naquela sala horrível de hospital.
Depois de passada a cirugia, ainda mais chocante foi ver a confusão que seus pensamentos ordenaram as cenas atuais e passadas no quarto do hospital. Ele insistia que via aranhas, bichos voando, um vento forte lá dentro, queria saber o porquê de estar vestindo uma gravata borboleta com queijo e presunto embaixo. E não tinha nada disso, claro.
Como golpe final e fatal foi ver colocarem um fraldão para as necessidades. Ele só queria ir até o banheiro, mas não pode mexer a cabeça e quem tira isso da sua cabeça???
Confesso que não estava pronta para ver essas cenas e talvez nunca estarei, sobretudo agora que espero por meu bebê e estive um tanto mais fraca há algumas semanas.
Em meio a tudo isso, soube que meu parto não vai mais se adiantar se eu seguir direitinho a prescrição médica.
Vou continuar rezendo para que tudo isso seja apenas algumas lembranças ruins em meio à felicidade de sempre.
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