Tuesday, March 10, 2009

Sem precedentes

Passei a tarde dessa terça-feira de calor intenso fazendo plantão no Juizado Especial Cível da minha cidade. Não bastou muito tempo para perceber que a crise afetou, realmente, o cotidiano e a adimplência. Ninguém paga ninguém mesmo. Não raros casos de pessoas, que antes se amavam, 'emprestaram seus nomes' para financiamento e aquisição de bens e depois se vêem ali, diante de um juiz, na tentativa de conciliar a dívida, com sua vergonha, raiva e poucos recursos. Foi só o que sobrou do amor. 'Um homem apaixonado deveria ser interditado'. Homem aqui significa homem ou mulher, certo.
Perde-se mesmo a razão quando se está apaixonado? Por isso dizemos 'perdidamente apaixonados'? Fazemos apenas loucuras ? Emprestam-se nomes, doam-se bens, entregam-se almas, deslocam-se corações. Despertamos para o que há de mais belo dentro de nós. Saimos da esfera do um e passamos a pensar em dois, como se fossemos um. Acredito que para o campo das loucuras existe apenas aquilo o que o outro não sabe receber em troca desse amor. Acredito sim que o amor nos desperta para o bem. Se a pessoa amada não sabe usufruir desse amor e passa a usar o amante é por sua falta de caráter e índole. Não se pode jamais culpar o amor que só visa o benefício da pessoa amada. Se cedeu o nome por amor, se comprou, financiou ou emprestou e o outro apenas o 'jogou na lama', não foi o amor o culpado e sim a falta dele.
E se necessário for, me interditem, por favor, pois não vou deixar de acreditar no amor e hoje meu coração apenas sabe chamar um nome e a ele quero todo o bem que há nesse mundo. O que vivo hoje não tem qualquer precedente nesses meus 34 anos de existência.

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