Ação, reação e incongruência

Logo que o refrigerante Sprite foi lançado, há muiiiiiiiiiiiiiito tempo atrás. Nem me lembro quantos anos tinha, mas era bem nova, já que meu pai ainda morava em casa, e ele não mora mais lá há mais de 20 anos. Enfim, na novidade gelada da Sprite, certa vez, derrubei um pouco de seu líquido no pé da minha mãe. Meu pai logo voltou um tapa contra meu rosto, dizendo que eu revoltada e que não prestava atenção em nada. Fiquei esperando alguma reação em minha defesa pela minha mãe, mas ela parecia concordar com meu pai aos berros.

Talvez eu fosse mesmo revoltada naquela época, mas jamais perdi minha atenção em qualquer coisa que fosse. Talvez a palavra correta fosse 'desastrada', coisa que sou até hoje. De certo, eu era muito jovem para entender que ele pudesse estar descontando em mim seus problemas e frustrações, já que um copo de refrigerante no pé da minha mãe não traria maiores prejuízos que um mero banho.

Engraçado que num desses domingos que passo em casa para almoçar com minha avó, minha mãe e minha priminha Mariana, derrubei quase que uma garrafa toda de guaraná no chão lustroso de minha mãe.

Tão logo percebi meu desaste, fui logo pegando um pano, sem coragem de encarar o olhar repressivo de minha avó, ou da cara de susto da Mariana (acho que ela pensou que eu iria apanhar feio), minha mãe soltou uma grande gargalhada, dizendo que aquilo traria sorte. Acho que ela quis me livrar do desconcerto do momento, ou que, sabe, se eximir do que aconteceu há tantos anos no episódio da Sprite.

Nem sei se ela se lembra disso.